O comerciante Hélio Bononi levou um susto alguns anos atrás quando foi
estacionar seu carro, e o veículo não parou. ‘Não parou e subiu o meio-fio’, ele
conta. Sorte que, nesta situação, o carro já estava quase parando e não oferecia
grandes riscos ao motorista. Mas todo cuidado é pouco com o sistema de freios.
Bononi diz que depois disso passou a ter mais zelo com este item do carro.
Para Flávio Trostdorf, da Londrifreios, provavelmente o problema aconteceu
porque o fluido de freio não foi substituído, causando oxidação do cilindro
mestre e prejudicando a performance do freio.
O fato prova que a manutenção preventiva do sistema de freios é de grande
importância para a segurança ao dirigir. ‘Merece toda a atenção e cuidado’, diz
Gerson Burin, analista técnico do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e
Segurança Viária).
Para Henrique Afonso Carignato Ernits, consultor técnico da ATE Freios, do Grupo
Continental, o sistema hidráulico é a parte mais importante do sistema de freio, e
que portanto deve receber maior atenção. ‘De nada adianta ter pastilhas e
discos novos se não tem a parte hidráulica que comprime estes materiais.’
A maioria das montadoras recomenda fazer a substituição do fluido de freio a
cada dois anos. Flávio Trostdorf alerta, no entanto, que a verificação do fluido
precisa ser feita, sem falta, a cada ano.
Isso porque a substância tem propriedade hidroscópica, que é a capacidade de
reter a umidade do ar. Assim, ela pode perder suas características funcionais e
causar oxidação nos componentes metálicos do sistema.
A água em que se encontra o líquido faz com que o fluido perca, ao longo do
tempo, um dos fatores mais importantes que é a resistência ao calor gerado
durante o processo de frenagem’, explica Ernits. De acordo com ele, a perda da
resistência térmica assim como do fator lubrificante são as principais
consequências a que o fluido de freios está sujeito com o passar do tempo.
Quando novo, 250 graus celsius é a temperatura mínima para o fluido entrar em
ebulição. Quando este nível atinge os 180 graus já é hora de trocá-lo.
Olho clínico
Gerson Burin, do Cesvi Brasil, ressalta que o motorista pode verificar, por conta
própria, o nível de fluido no reservatório toda vez que abrir o capô para uma
revisão geral. Ou então, no máximo a cada quinze dias.
‘No reservatório existe a marca de máximo e mínimo. O fluido deve estar no
intervalo, de preferência mais próximo ‘máximo’.’ Caso o nível fique baixo com
muita rapidez, pode ser que exista algum tipo de vazamento no sistema de freio.
‘Não é normal ter que repôr a cada semana’, diz Burin. Sendo assim, o carro
precisa ser levado à oficina imediatamente. Como as tubulações do fluido
passam por baixo do carro, estão suscetíveis a danos.
Dupla interpretação
No painel do carro, também existe um indicativo que avisa o motorista quando o
fluido está chegando ao nível mínimo. Mas, segundo Henrique Ernits, apenas
fazer a troca pode não resolver o problema. Ou pior: mascará-lo.
Substituído o fluido de freio, a lâmpada no painel para de piscar, mas conforme o
consultor técnico, o aviso pode estar relacionado a dois fatores: vazamento no
sistema hidráulico ou desgaste de materiais do sistema no seu limite. Por isso, é
importante visitar um local especializado que poderá avaliar em quais das
situações o veículo se enquadra. Afinal, uma falsa informação pode resultar em
acidente.
Troca
A substituição do fluido de freio também não pode ser feita por conta própria. É
necessário fazer a sangria – retirada de bolhas de ar na linha do fluido -, e os
centros automotivos possuem os equipamentos e o conhecimento técnico
necessários para tanto.
Fonte: Folha de Londrina